Alexandre O' Neill
Poeta português, descendente de irlandeses e nascido em Lisboa.
Autodidacta, fez os estudos liceais, frequentou a Escola Náutica (Curso de Pilotagem), trabalhou na Previdência, no ramo dos seguros, nas bibliotecas itinerantes da Fundação Gulbenkian, e foi técnico de publicidade.
Durante algum tempo, publicou uma crónica semanal no Diário de Lisboa.
A poesia de Alexandre O'Neil concilia uma atitude de vanguarda (surrealismo e experiências próximas do concretismo) — que se manifesta no carácter lúdico do seu jogo com as palavras, que evidencia o lado surreal do real.
Os seus textos caracterizam-se por uma intensa sátira a Portugal e aos portugueses, destruindo a imagem de um povo heróico criada pelo neo-realismo, a que contrapõe a vida mesquinha, a dor do quotidiano, vista no entanto sem dramatismos, ironicamente, numa alternância entre a constatação do absurdo da vida e o humor como única forma de se lhe opor.
Temas como a solidão, o amor, o sonho, a passagem do tempo ou a morte, conduzem ao medo (veja-se «O Poema Pouco Original do Medo», com a sua figuração simbólica do rato) e/ou à revolta, de que o homem só poderá libertar-se através do humor, contrabalançado por vezes por um tom discretamente sentimental, revelador de um certo desespero perante o marasmo do país — «meu remorso, meu remorso de todos nós». Este humor é, muitas vezes, manifestado numa linguagem que parodia discursos discursos oficiais ou publicitários, ou que reflecte a própria organização social, pela integração nela operada do calão e / ou da gíria.
A sua obra poética foi ainda recolhida em Poesias Completas, 1951-1983 (1984). Foi ainda editada uma antologia, postumamente, com o título Tomai Lá do O'Neill (1986). Publicou dois livros em prosa narrativa, As Andorinhas não Têm Restaurante (1970) e Uma Coisa em Forma de Assim (1980, volume de crónicas)
Gravou o disco «Alexandre O'Neill Diz Poemas de Sua Autoria».
Em 1966, foi traduzido e publicado na Itália, pela editora Einaudi, um volume da sua poesia, Portogallo Mio Rimorso. Recebeu, em 1982, o Prémio da Associação de Críticos Literários.
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